Espírita ou Espiritualista. Faz diferença?

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Muitos me perguntam: você é espírita? É espiritualista? É o quê?

Eu nasci num berço católico, mas nunca gostei de estudar religião. Sempre discutia com os padres e as freiras nas duas escolas onde estudei até chegar ao ensino técnico. Tive contato com o Espiritismo muito cedo. Aos treze anos, eu devorava O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Céu e o Inferno, codificados por Allan Kardec.

Confesso que não era muito fã de O Evangelho Segundo o Espiritismo. A minha interpretação sempre batia de frente com a dos professores do centro espírita. Eles entendiam de um jeito, e eu, de outro.

Os anos passaram, eu me aprofundei em Kardec. Aliás, se você gosta das obras kardequianas (ou kardecistas), não pode deixar de ler a Revista Espírita, coleção de doze livros com artigos escritos por Kardec durante mais de uma década. É uma viagem saborosa, tanto sobre Espiritismo como sobre história. Nessas leituras percebe-se que o mundo de 1850 não era muito diferente, no tocante às crenças e atitudes, assim como aos anseios do homem, do que é hoje.

Luiz Gasparetto, filho da Zibia, já era um médium famoso quando comecei a frequentar o centro. Ele recebia os pintores desencarnados e pintava quadros em poucos minutos. Era assunto para artigo de revistas; ele chegou a aparecer no Fantástico em uma matéria de quase meia hora!

Eu me lembro que o centro tinha essa pegada bem espírita, seguia Kardec à risca, mas Luiz voltou de seus estudos em Esalen, na Califórnia (local de grande concentração de estudiosos do tema), cheio de novas ideias acerca da espiritualidade.

Aquilo foi uma reviravolta, chacoalhou as minhas ideias preconcebidas. Passei a entender o mundo espiritual de outra forma e, associado a isso, atendia gente todo dia. Muita gente.

Quem conhece como funcina um centro espírita sabe que, ao visitar o estabelecimento pela primeira vez, precisa passar por uma entrevista, o que chamamos de triagem, para entender o problema pelo qual a pessoa está passando e direcioná-la para um tratamento espiritual adequado.

O Luiz mudou tudo. Fez uma revolução lá no centro. Trouxe conceitos de Nova Era, Ciência da Mente, pensamento positivo, Metafísica. Introduziu no Brasil os ensinamentos de Louise Hay (muito antes de ela lançar o megassucesso Você pode curar sua vida); resgatou ensinamentos preciosos de igrejas evangélicas e protestantes; abriu a nossa mente para entender a prosperidade, por meio de livros da pastora Catherine Ponder. Ah, houve também o uso de cromoterapia no tratamento, algo comum hoje em muitas casas espíritas, mas muito raro no comecinho da década de 1980.

Diante de tanta novidade, de tanta revolução, passei a colocar os ensinamentos na minha vida diária e também passei a orientar as pessoas na triagem com essa nova abordagem. Os resultados eram surpreendentes, tanto na minha vida como na dos atendidos. Os casos de obsessão, para se ter uma ideia, diminuíam a olhos vistos.

Adulto, viajei para os Estados Unidos, conheci o trabalho de Louise Hay e, simplesmente, me abri para além das fronteiras do Espiritismo.

Passados quarenta anos de estudos, muitos me intitulam espiritualista independente. Outros afirmam que sou um espírita autêntico porque ainda estudo e cito a importância de Kardec para entendermos muitos fenômenos em nossa vida que nem ciência, tampouco religiões ou filosofias conseguem explicar.

Pensando bem, para que um rótulo? Espírita, espiritista, espiritualista, umbandista… tanta denominação para quê? A alma é livre. Além do mais, eu, você, todo mundo tem o direito de escolher, tem o direito de se expressar, de acertar e de errar também.

Viemos ao mundo para a felicidade.  Não podemos ficar atrelados a dogmas, doutrinas que nos fazem ficar presos à dor, à tristeza, à lamentação, ao conceito do faz e paga…

Sei que há momentos bem difíceis, mas todos nós temos e passamos por momentos terríveis, e cada um sabe o peso de sua cruz. No entanto, se você não tiver um tiquinho de alegria e de esperança nesse coração que Deus lhe deu, não aguenta passar por nenhuma adversidade que seja. Nem com ajuda de mentor, tampouco se autointitulando espírita ou espiritualista. A dor é a mesma!

Então, deixemos os preconceitos de lado, deixemos as doutrinas que cerceiam nossa liberdade de lado. Vamos partir para a independência, libertar o nosso espírito de conceitos bobos que a sociedade tentou nos impor, nos impedindo de ser nós mesmos.

Você pode ser o que melhor lhe aprouver, porque, quando se sente livre, sintoniza-se com sua alma, faz escolhas inteligentes e, quando faz escolhas inteligentes, está fazendo bem a si próprio e, consequentemente, aos outros também.

Pode acreditar!