Uma dose de perdão

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“Estou estudando e conhecendo mais sobre o mundo espiritual. Estive casada por trinta anos e só agora, depois de dez, consegui perdoar a traição de meu marido. Confesso que foi muito difícil perdoá-lo, embora não o queira ver na minha frente. O que você pode dizer sobre o perdão?”

Perdoar não é fácil. Quando a gente leva uma desfeita, toma uma rasteira, sofre uma traição, sofre uma ofensa, putz, como é difícil perdoar, ainda mais se a pessoa que cometeu tamanha injúria for alguém por quem tenhamos algum carinho, amizade, um laço de afeto.

Além do mais, vale ressaltar que você cresceu cheia de culpas, medos, sensações de fracasso. Por esse motivo, você é a primeira pessoa a quem precisa pedir perdão. Se não tem um pingo de consideração por si e flexibilidade para se perdoar, como fazer isso com o outro? Praticamente impossível.

Até perdoa, mas fica nesse perdão superficial do tipo “perdoo, mas não quero vê-lo na minha frente, nunca mais!”. Isso é autoengano, é querer enrolar a mente, empurrar a raiva contida para baixo do tapete e não lidar com a situação. Também há muita gente que adora dizer que perdoa só para ser aplaudida, amada, querida, respeitada. Espero que não seja o seu caso.

O perdão nada mais é do que desculpar a si (e ao outro) por uma falta cometida contra você. “Ah, eu não me perdoo por ter feito aquilo”; “Ela me traiu, isso não é justo”; “Ela me xingou, não esperava”; “Não acredito que saí com ele de novo”; os motivos são vários. Somos muito machucáveis. Qualquer coisinha já fere, já dói. Quando diz frase assim, nesse tom, está se posicionando como vítima, como pobrezinha.

Eu, particularmente, acredito que atraímos todas as situações em nossa vida, para nosso crescimento, fortalecimento, para sairmos do mesmo lugar e seguirmos em frente. E, nessas, às vezes a vida usa o outro para desafiar você. O outro provoca, instiga. Você, claro, vê como problema, como pedra no sapato, como acinte. Fica indignada. Se quer saber, só o orgulhoso se ofende.

Quem está ligado com as forças inteligentes da vida, está bem centrado em seu espírito não está nem aí com nada disso. Uma pessoa assim, quando leva uma desfeita, rebate na hora, ou não liga; se toma uma rasteira, reflete e vê o porquê atraiu aquele caloteiro na vida dela; se é traída, das duas uma: ou dá um insight e pula fora, ou também não liga, não leva a sério; se é ofendida, dá risada.

Quer dizer, tudo depende da reação de cada um. Você pode responder aos estímulos da vida no dia a dia com drama, raiva, choramingos; ou pode viver sempre de bom humor, achando tudo engraçado, tirando preciosas lições de tudo que lhe acontece, meditando com profundidade sobre tudo.

Você é quem escolhe como quer viver. Portanto, prefere ficar vivendo a exigir perdão dos outros, ou prefere viver na modéstia?

A vida é toda sua!